quarta-feira, 13 de junho de 2012

Marcos Magalhães e o premiado “Meow!”



por Francisco Barbosa Pacheco de Souza*
O cinema de animação com suas diferentes técnicas materializam a imaginação e tem a função de “dar alma ou energia vital” (Dicionário Aurélio, 2009) a realidades fantásticas que caracterizam o cinema. No Brasil, a iniciativa de tornar possível um cinema de animação nacional, tendo em vista a produção industrial do cinema como um todo pelo mundo, gerou a formação de vários nomes representativos que impulsionaram e ainda impulsionam a atividade dos animadores no país. Um deles é Marcos Magalhães que possui domínio das várias técnicas da animação para a produção de seus filmes.
2 MARCOS MAGALHÃES: TRAJETÓRIA COMO ANIMADOR
           
            Nascido no Rio de Janeiro em 1958, Marcos Magalhães formou-se em Arquitetura pela Universidade Federal de Rio de Janeiro e fez mestrado em Design na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Na década de 1970, produziu alguns filmes em super-8. Em 1982, recebeu o prêmio especial do júri no Festival de Cannes com o curta-metragem “Meow!”. E em 1983 quando estagiou na National Film Board of Canada, fez o curta “Animando” que também recebeu prêmios no Brasil.
            De volta ao Brasil, ainda na década de 1980, Marcos Magalhães participou da criação do Núcleo de Cinema de Animação do Centro Técnico Audiovisual (CTAv) durante um acordo do Brasil com o Canadá que durou dois anos, mas que resultou na criação dos núcleos de animação no Ceará, no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais.
No início da década de 1990, com César Coelho, Aida Queiroz e Léa Zagury, ele iniciou a realização do Festival Internacional de Aimação, Anima Mundi. Esse festival trouxe uma nova e otimista visão para os animadores do país. Além disso, tornou-se uma referência nacional e internacional impulsionando e divulgado jovens animadores.
Atualmente, Marcos Magalhães continua na direção do festival Anima Mundi, é professor de cinema de animação no curso de Design e coordena a pós-graduação em animação, ambos na PUC-Rio.
Sua filmografia contém “A semente” (1974), “A pílula” (1975), “Cinco sentidos” (1976), “Meow!” (1982), “Animando” (1983), “Estrela de oito pontas” (1996), “Pai Francisco entrou na roda” (1997), “Dois” (1999­­­) e “Homem estátua” (2007), entre outros.
3 “MEOW!”: A CRÍTICA AO SISTEMA ATRVÉS DA TÉCNICA DA ANIMAÇÃO
           
            Tema recorrente em discussões, o consumismo na década de 1970 e 1980 é criticado pelos intelectuais e ativistas tendo como base a avassaladora publicidade que as mídias divulgavam às massas durante o processo de evolução das tecnologias midiáticas. Diz-se que, a partir daí, o consumidor passou a absorver as ideologias impregnadas nas propagandas alterando, assim, seu comportamento diante das ofertas de bens de consumo. Junte-se a isso, o consumismo desenfreado e perda de identidade (IANNI, 1997).
            Nesse contexto, surge o curta-metragem “Meow!” que evoca a opressão da publicidade sobre os valores da pessoa. Isso é representado através do gato faminto, em cima de um muro, que é forçado a deixar de beber leite, que lhe é comum, para passar a tomar um refrigerante de determinada marca. O gato está em uma cidade marcada pela propaganda em outdoors e letreiros luminosos.
            Para contar isso, Marcos Magalhães usou o stop-motion e filmou todo o curta em um tipo de plano-sequência na bitola 35mm. O curta tem duração de oito minutos acompanhados por trilha original.
“Meow!” recebeu os prêmios de Melhor filme na categoria Júri popular e melhor roteiro no Festival de Brasília em 1981, Terceiro lugar em Animação no Festival de Havana em 1982 e Prêmio Especial do Júri no Festival Internacional de Cannes em 1982.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O domínio do capitalismo (e da globalização) torna o curta-metragem de Marcos Magalhães atual para reflexões a esse respeito mesmo com trinta anos desde seu lançamento. O que indica que os animadores não estão distanciados das discussões sobre as características de sua realidade e que podem influenciar na observação e apreensão dos conceitos e valores da sociedade.
5 REFERÊNCIAS
IANNI, Octavio. A política mudou de lugar. São Paulo em perspectiva, São Paulo, v. 3, n. 11, p. 3-7, 1997, Disponível em: https://www.seade.gov.br/produtos/spp/v11n03/v11n03_01.pdf. Acesso em 27 mar. 2012.

MINIAURÉLIO ELETRÔNICO VERSÃO 5.12. Ed 7. Editora Positivo Ltda, 2009

6 FONTES
http://www.youtube.com/watch?v=q6p1XNokmVk>.  Acesso em 27 mar. 2012
* Francisco Barbosa Pacheco de Souza é aluno do primeiro periodo do curso de cinema e Video da UNA.

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